Mas nós fomos a Belém e comemos lula, sim!
No primeiríssimo dia na cidade, fomos recebidos com chuva e calor. Passeamos um tanto desnorteados e - surpresa chata - descobrimos que o restaurante indicado pelo meu tio havia fechado. Sem muito o que fazer além de continuar buscando um lugar pra comer, caminhamos pelas ruas escuras do bairro, guiados um pouco pelo instinto (chamado fomeeeeeee!), um pouco pelo bom senso.
Chegamos então a uma rua de restaurantes bacanas. Instalados em casas enormes - e todas as construções pecam pelo excesso de grandez na capital paraense -, os comércios pareciam um tanto chiques por fora. Da rua, pouco se via de movimento, uma vez que a gente rica de lá é como a maioria da gente rica daqui: só sai de casa se for de carro.
Passamos por um pub que parecia animado, mas estava apinhado de homens, e mais homens, e mais homens! Não vi uma mulher sequer no ambiente e eu mesma "pedi pra sair". Saímos depressa, constrangidos, como se aquilo ali fosse uma casa de massagem ou coisa do gênero. Eu hein.
Prosseguimos na caminhada e passamos por um restaurante de cozinha contemporânea. Salão amplo, mesas enormes, ambiente bastante iluminado. E vazio. A cena se repetiu em outras casas, até que chegamos a um ristorante um tanto parecido com as cantinas do bairro paulistano do Bixiga. Sentimo-nos em casa, meu descendente de cearense e eu, a japa tipicamente paraguaia.
Mesmo sem querer, acertamos em cheio na escolha. A casa era mesmo uma cantina tradicional, com quadros curiosos que se relacionavam a futebol, várias quinquilharias espalhadas pelas paredes e o esperado trio vermelho, verde e branco na decoração.
Servimo-nos no buffet de antepastos, vendido a quilo, e foi então que o sorriso voltou aos nossos rostos. Berinjela, queijo, presunto cru... não lembro mais qual iguaria foi a minha favorita, mas estou certa de que valeu provar de tudo um pouco.
Em seguida chegou nosso pedido: risoto com tinta de lula!
Jamais havia comido esse prato, mas posso garantir que estava muito bom. O arroz estava numa textura ótima, e por incrível que pareça, o tom enegrecido da tinta da lula dá um toque muito apetitoso ao risoto.
Eu e meu cabeçudinho devoramos o risoto, e ainda sobrou um tanto no prato. Não é pra menos, o sabor é bem marcante - não é pra maricas!
Conforme percebemos mais tarde, a cantina era bastante movimentada, frequentada principalmente por pessoas endinheiradas da cidade. Turistas? Que nada, nós destoávamos completamente do restante dos comensais. De chinelo e bermuda, éramos os únicos a não trajar roupa de domingo. Tudo bem, era sexta-feira e lá fora chovia e fazia calor!
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