2 de fevereiro de 2011

Belém-Belém-Belém

Minha cabeça apronta muitas "confusões linguísticas" comigo desde criança. Às vezes acho que é problema de audição, outras tantas percebo que não, o problema não é na recepção do que chega aos ouvidos, mas na interpretação dessas informações. A bem da verdade, a origem da confusão pouco importa, importa mesmo é a diversão proporcionada para mim mesma... sim, eu me divirto com as minhas próprias confusões.

Quem tem mais ou menos a mesma idade que eu (ou mais!) deve se lembrar de uma novela global chamada Brega & Chique. Não façam as contas, mas eu tinha dez anos nessa época... Pois bem, a abertura dessa novela contava com a divertida trilha da banda Ultraje a Rigor, "Pelado". Por que estou contando tudo isso? Porque foi a partir dessa música que eu me toquei de que tinha algo errado na minha cabeça.

Foi assim: na abertura da novela, a certa altura, Roger canta "pelado, pelado, nu com a mão no bolso, nuzinho pelado, nu com a mão no bolso" e um homem aparece, obviamente nu, caminhando "com a mão no bolso". E qual o problema? Bem, sabe-se lá por quê, meus neurônios sempre se recusaram a ligar a imagem do homem pelado com a letra da música, de modo que por muito tempo eu cantei a plenos pulmões "pelado, pleado, ú com a mão no bolso, URSINHO pelado, ú com a mão no bolso".

Eu sei, é degradante confessar uma coisa dessas. "Ú com a mão no bolso"? Isso é culpa de um livro queridíssimo, que guardo até hoje, chamado "Pipoca", em que um burrinho passeia pelas páginas do livro, por onde encontra letras e números antropomórficos - ou quase isso, com olhos, boca, nariz, braços e mãos. Daí a imaginar um "Ú com a mão no bolso" foi muito fácil. Já quanto ao "ursinho pelado"... oras, e uma criança de dez anos vai lá entender das taras de mulheres mais velhas?

Confusões como essa me perseguem até hoje. Felizmente ou não, agora tenho relativa consciência das peças que os meus neurônios me pregam. E então sempre me dou um tempo para pensar melhor naquilo que vi ou ouvi antes de fazer qualquer tipo de comentário.

Foi numa ponderação dessa que descobri (aleluia!) que "Belém-belém-belém nunca mais tô de bem" não foi criado pela inimiga declarada da "Fafá de Belém", que por sua vez é de "Belém do Pará", cidade do Norte do Brasil, que "por acaso" não é o berço de um certo agitador político chamado Jesus. Esta última parte, arre, deu trabalho para eu esclarecer, e a confusão entre Pará, Cisjordânia, Fafá e Jesus durou... hum... algum tempo da minha vida, digamos assim.

E eis que chegou a hora de rever toda essa história! Em janeiro, eu e meu cabeçudinho passamos uns dias "na Belém", como gosta de falar meu pequerrucho cabeçudão. Na Belém da Fafá, ou seja, na Belém do Pará! Coletamos algumas histórias ao longo desses dias, que eu pretendo contar por aqui. E vamos lá, se sobrar energia conto ainda histórias de santos e do Santos, de viagens e viajem...

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