3 de fevereiro de 2011

Viagem gastronômica ou viagem na maionese?

Meu cabeçudinho é especialista em números, gosta especialmente de proporções e medições de chances. Coisa de quem trabalha com SPSS, Software Para Quem Sabe Somar. (Aqueles que, como eu, precisam de maquininha no supermercado pra saber qual embalagem de cerveja vale mais a pena não devem se aventurar por esses programas, sob pena de fazer bobagem mesmo nas listagens de frequências e médias...) Pois bem, se fosse ele a redigir este despretensioso relato, provavelmente diria que cerca de 90% das pessoas reagem com estranheza quando contamos que fomos a Belém do Pará. A passeio (e aí a proporção de caras franzidas aumenta um pouco mais).

A primeira pergunta que nos faziam (e nos fazem) é se temos algum parente no Norte do país. Afinal, que outro motivo justificaria nosso deslocamento do SE a terras tão longínquas? E a destino tão pouco badalado, quando confrontado com praias maravilhosas do Nordeste, do Sul ou mesmo do Sudeste, ou ainda com as cataratas do Iguaçu, com os parques curitibanos, com as águas de Bonito, com a arquitetura histórica mineira... que raios fomos nós fazer em Belém do Pará?

Oras, que coisa fácil de resopnder.

Fomos a Belém pra fazer aquilo que fazemos todos os dias e de que muito gostamos.

Fomos a Belém pra comer!

E como comemos. Desde a chegada, a busca por comida boa foi intensa e felizmente compensadora - felizmente mesmo, porque as primeiras investidas em busca de comida foram árduas... Assim, ó: saímos cedo de casa (em SP), tivemos problemas pra devolver o carro no aeroporto, entramos na área de embarque em cima da hora, o voo atrasou, a Gol nos serviu um minipacote de amendoim (e ainda queria que consumíssemos e pagássemos muito caro por um lanche minúsculo e murcho, ao que resistimos bravamente, em especial porque não tínhamos um real na carteira, dado que não sobrara tempo para passar num caixa eletrônico), chegamos a Belém de tarde (horário de verão não tem em todo o país), baita bafo, calor úmido, coisa estranha, estômago colado nas costas... e o Ver-o-Peso, que tanto meu cabeçucinho queria conhecer, ferve mesmo logo cedo, de modo que à tarde só ficam as moscas a passear e o povo a tomar cerveja nos camelôs azulejados, nada de tacacá, nem de peixe, muito menos de camarão.

Então, depois de um banho merecido, lá fomos nós atrás do badalado Lá Em Casa, na cidade, que meu tio indicara como a melhor opção. Debaixo de chuva. Muita chuva. E ainda assim, quente. Muito quente. O clima por lá é do tipo equatorial, e se bem me lembro das aulas de geografia, isso significa umidade alta e temperatura elevada.

Pois bem. Caminhamos pelas ruas escuras e desconhecidas, debaixo de chuva, mas sem uma proteção que fosse, atrás do dito estabelecimento. E depois de ir e vir algumas vezes, descobrimos, graças ao segurança do teatro, que o Lá em Casa da cidade fechou! No dia seguinte fomos apresentados à Estação das Docas, onde agora funciona a única unidade do restaurante. Mas essa história fica pra depois. Nossa viagem teve vários capítulos em busca de comida, e se algumas pessoas a consideraram uma verdadeira viagem na maionese, para a turma de cabeçudos aqui foi uma Viagem Gastronômica autenticamente brasileira!

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